quarta-feira, 18 de maio de 2011

Éris e o Pomo da Discórdia na Educação Brasileira




Como se aprende a falar a língua corretamente, com as devidas flexões do verbo, as concordâncias e regências apropriadas, a colocação da pontuação?


Machado de Assis já dizia que não entendia NADA de gramática (está numa de suas biografias), mas escrevia corretamente porque assimilara o estilo lendo bons autores a sua vida toda.


LER! LER! LER! Um bom livro além de entreter, educa para uma vida saudável e ensina a norma culta sem nenhum trabalho em “decorar as regras”. Porque uma leitura fluente soa naturalmente aos ouvidos.


Se o povo lesse, e lesse muito, os próprios estudantes rejeitariam o tal livro da discórdia. Leio para o meu filho desde os seus dois anos e ensinei-o a ler antes de entrar para a escola. Desde os oito anos ele já tem sua própria biblioteca e não há um só dia que não lê muito por afeição e gosto legítimos. Ele escreve redações e resumos melhor que muita gente universitária que conheço, desde a terceira série.


Todavia, se o povo lesse, e lesse muito, teríamos um painel político muito diferente do que aí está. Então, como quem 'manda' não pretende alterar a ordem das coisas – muito favoráveis aos “ditos cujos”, diga-se por sinal –, o incentivo ao obscurantismo cultural prevalece.


Se há alguém aí que acredita que o período Iluminista na História serviu para alguma coisa, essa(s) pessoa(s) saberá a que me refiro. Porque o objetivo desses governantes atuais é mergulhar o povo na ignorância medieval outra vez para restabelecer seus feudos de dominação econômica. (Empenhados como estão, não duvido que falhem...)


Assim, lá vai o 'Zé povinho' admirar-se pelas conquistas nababescas de seus patrões, 'babando' quando vê os carrões e mansões deles, enquanto ele próprio, a duras penas, estica seu salário mínimo para ver se alcança o fim do mês com o mais básico de sua subsistência.


Estamos vivendo uma nova "era escravagista" de um modo bastante peculiar, todavia, com todos os moldes do que já o fora nos tempos de outrora. O consumismo exacerbado, cada vez mais fomentado pelo marketing agressivo das grandes corporações, transforma pessoas em "dependentes patológicas" da indústria manufatureira, de modo que se acumulam cada vez mais trabalhos para poder satisfazer uma falsa necessidade de tais produtos.


Nesta "paranóia" pela compra inadvertida, todos aceitam quaisquer condições para manter seus empregos e conquistar outros simultaneamente, para poder honrar com seus compromissos no decorrer do mês. E tome fins de semana ou noites em segundas jornadas de trabalho para garantir o “bom nome” na praça para futuros créditos e crediários.


O grande problema é que essas aquisições não representam prazer nenhum. O “ato de comprar” passou a ser o "prazer". Após ter o produto em mãos, a satisfação esvai-se por completo; o bem adquirido não corresponde às expectativas, não alcança o objetivo. Simplesmente porque a pessoa não "necessita" deveras daquilo. As campanhas promocionais é que incutiram o sentimento de vazio que a falta do produto poderia proporcionar-lhe.


Tudo isso ocorre porque o ser humano já não sente mais prazer em viver, em ‘ser’ alguém respeitável, em agir com ética, moral e prudência. Atualmente, na sociedade da imagem, da aparência, "TER" é o que representa o 'status' desejado e para "ter" vale qualquer ato, sacrifício, desafio ou luta. Inclusive o nome incluído nos cadastros de inadimplentes, quando o orçamento já não for suficiente para saldar todos os compromissos assumidos.


Frustrações, decepções... A sensação de que fora ludibriado, enganado. E tudo isso nada mais é do que fruto de um espírito incapaz de compreender aonde pretende chegar os poderosos a fim de torná-lo cada vez mais cativo e lacaio. Tornam-se presas fáceis, completamente à mercê dos desmandos alheios destes que hoje já procuram ocultar as verdadeiras faces de seus objetivos, caso se continue a negligenciar uma educação alicerçada em preceitos sólidos, capazes de retirar do povo as vendas que não lhes deixam discernir entre o certo e o errado. Uma educação que privilegie a verdadeira cultura que amplie os horizontes perceptíveis visando à formação integral de um verdadeiro cidadão, faz-se mister em tempos de globalização e de informação veloz como a deste século.

DG
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