terça-feira, 22 de março de 2011

Preconceito e bullying



Quando criança, meus pais mudavam bastante de casa e estudei em quatro escolas diferentes durante o ensino fundamental. Eu era daqueles tímidos, de pouca conversa, não era sociável. Nunca fui o 'bam-bam-bam' da escola. 
Nas primeiras semanas em cada uma delas, houve quem achasse que talvez 'pela cara' ou o 'jeito de andar', não sei (rs), eu teria chegado ali para ser o 'novo bobo da corte' deles. Então, lá vinham os palhaços a se meterem comigo. 
Nunca fui de briga, mas tinha os braços fortes (eu trabalhava desde muito criança, ajudando aos meus pais), então, lá pela 2a ou 3a semana a coisa já se tornava séria. Meu pavio de paciência (melhor explicar para ninguém fazer piada maldosa - rs) era curto e a emoção tomava conta fácil, fácil. 
Mirava nos olhos do mais atrevido e me arremetia sobre o fulano. Durava uns 20 minutos, talvez mais ou menos, eu não sentia dor, meus punhos, fechados, pernas enrijecidas pela ira em resgatar a dignidade a quem não outorgara o direito de achincalhar, socava muito, chutava muito, e como eu era 'pesadinho' como o amigo aí de cima, se o 'nêgo' não caía no chão, o meu corpo o fazia sem problemas. 
Depois disso, por toda a temporada naquela escola, após tal evento eu vivia em paz e sossego. Isso porque a atitude era já de início, não deixava a história crescer e ganhar vida própria. 


Não aconselho ninguém a fazer isso, não é o melhor jeito de resolver, garanto. Embora, há muita gente por aí que ainda não aprendeu o mínimo da decência e do respeito, que só consegue entender a resposta na via e no nível de sua própria estupidez. Porém, ainda assim, inapropriado. Hoje procuro ensinar ao meu filho que ele deve ganhar qualquer disputa na inteligência. Desmoralizar um 'espertalhão' na razão é muito melhor e mais prazeroso do que no braço. Mas eu não tive essa educação nem essa orientação; vivendo em periferias, a gente lidava com as diferenças era no braço e no grito.


A gente não pode nunca é perder a noção da nossa importância e a nossa capacidade de modificar um estado de coisas. Aliás, nem deixe um 'estado de coisas' desfavoráveis estabelecer-se. Assim, não terá que resgatar nada, apenas manter a dignidade e a cabeça erguida pelo seu valor como ser humano que deve e tem o máximo direito de ser respeitado invariavelmente.


O meu texto aqui ficou grandinho - sou prolixo, perdoem-me os sintéticos -, mas a cena acima me fez recordar esses momentos e se há uma coisa que eu abomine mais do que aos políticos corruptos, é a covardia de um bullying e do preconceito externado por grupos. Porque o cara sozinho não é bastante homem para encarar 'mano a mano' a vítima, eles sempre vêm em bandos.
Agradecido a quem chegou até esse final. Abraços.


DG
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