sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sinal dos tempos...

Ontem quando saí de casa, notei algo que me deixou intrigado. As pessoas passavam apressadas pelas ruas, umas pelas outras, sem se cumprimentarem, nem um aceno, nada!

Tão apáticas a tudo, tão isoladas num mundo íntimo, profundamente só.

Assim é a solidão. No silêncio reside uma das principais características desse estado mórbio de espírito. Mórbido sim! Pois a solidão pode ser tomada por uma doença. E somos todos sós, em essência. Mesmo aqueles que se refugiam no âmago de um grupo de pessoas, reunidas para espantar o medo vago da solidão.

Mesmo nessas reuniões, fortuitas ou não, encontramos o "estado só". Apenas o coração pode senti-lo. A felicidade é um estado de espírito, um instantâneo pessoal. A solidão, entretanto, é algo que existe, insiste e permanece nas entranhas do ser humano. Não há nada mais desalentador que se sentir sozinho numa tarde de sábado, falseada por um prazer inexistente em meio a "muitos". Encontrar-se isolado sobre uma cama fria, vazia e sem vida no fim de noite.

Toda essa situação tem origem no próprio desenvolvimento das sociedades.

Todos nós temos receios. Receio de sermos ludibriados, passados para trás; receio de nos comportarmos com lealdade e fidelidade e sermos os únicos a agirem assim ainda; receio de não acompanharmos o desenrolar dos acontecimentos; receio de não nos notarem, de não nos notabilizarmos; receio de não aparecermos mais que algum outro; receio de ficarmos para pagar a conta sozinhos; receio de não nos tornarmos célebres, ainda que sem mérito; receio de tudo, receios, enfim.

E, por causa dos receios não há recreios.

A própria estrutura social está se ruindo, esgarçando. Estamos nos afastando das recreações sociais. O mundo anda tão violento que não nos é permitido caminhar pelas ruas sem o temor de sermos assaltados a qualquer momento.

As jóias que as mulheres ganham de presentes no aniversário, Natal ou qualquer outra comemoração ou data especial passaram a ser adornos de cofres e não mais de pescoços, pulsos, dedos e tornozelos.

Bem, para concluir, chegamos à constatação de que isso tem um nome: progresso e civilização. Isso é o progresso e o desenvolvimento. É tudo aquilo que nossos antepassados ansearam para nós.

Não sei não, mas tenho motivos suficientes para acreditar que eles queriam mesmo é nos sacanear.

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