domingo, 20 de junho de 2010

O tempo é o vento

O TEMPO É O VENTO

O leitor já foi informado do último computador, do último celular, do último MP qualquer coisa, do último I- qualquer coisa, tudo-tudo-tudo de última geração que acabaram de ser lançados? Não?! Epa! Já deixaram de ser os últimos lançamentos. Informaram-me agora mesmo que essas "esplêndias" máquinas modernas com avançadíssimas tecnologias já foram substituídas por "novas" - e vejam que aquelas foram anunciadas pela primeira vez na semana passada! E o que é pior, antes de terminar esse texto, já terão assumido o papel de ultrapassadas, antigas, obsoletas, "carroças". Nunca antes na história do mundo e dos homens (e não só na história desse país, como diz sempre um velho conhecido de vocês.), se obteve tanto material para historiadores. A todo instante surgem novos eventos. Fatos fartos; historiadores escasos.

Ultimamente falta-nos tempo para analisarmos os acontecimentos, refleti-los, desdobrá-los, esmiuçá-los, criticá-los e, quem sabe, talvez assim, compreendê-los. Já se tornou impraticável como na base de toda filosofia buscar a verdade única, incontroversa, incontestável, "verdadeira" (data máxima vênia aos incorrigíveis literatos de plantão ao pleonasmo aqui inserido. É que andam existindo tantas "verdades" pelo mundo...), através de métodos dialéticos e retóricos, que demandam tempo excessivo para proceder-se às buscas, pesquisas, estudos, discussões, debates etc.

A história escapa-nos e com ela os atos humanos ou naturais, efêmeros, passageiros, velozes, esvaem-se. Culpa de quem? Tua, caro leitor. Tu tens pressa demais; já não anda, voa pela vida. Deseja tudo "agora", anseia pelo sucesso, êxito e glória antes que seja tarde. Mas "o que é tarde"? O tempo é relativo. O que é tarde para ti pode ser demasiado cedo para mim e alvorada ainda para outrem.

A vida é curta ou tu a encurtas? Não corra, não te apresses a vislumbrar o fim. Sábios os ébrios, que titubeiam aqui, vacilam ali, estiram-se acolá. Olham para o céu, o firmamento gigantesco, implacável, inexorável, sempre azul - para os que não estão nas grandes cidades cinzentas, óbvio! -, o resplandecer de um novo dia, nova aurora, morosamente o astro-rei espreguiça-se por detrás dos montes (ele, o Sol, que conhece a vida dos séculos e os segredos do mundo, sabe que tudo acaba onde começa e que debaixo dele não há nada novo. Aliás, debaixo dele apenas ficam as ruínas, depredações, vírus criados em laboratórios - porque os naturais parecem não ser suficientes!

Essa, entretanto, já é uma questão científica. E como eu conheço e dedico-me à ciência tanto quanto o leitor empenha-se no estudo do sânscrito em braile, julgo ser o momento de tomarmos outro rumo. Um atalho para o fim. Afinal, tu, leitor, tens pressa de alcançar o fim da leitura para "aproveitar" melhor o dia, não tens?

Vá lá que tenhas, pois eu, por mim, já estou no limiar do epílogo, avistando a linha de chegada; mais umas palavrinhas e pronto. Pronto. Ah! Em tempo, como discurso de campeão no pódium, porque se tu chegaste a esse final, terá sido porque eu consegui vencê-lo com meu zigue-zague retórico.

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