sexta-feira, 18 de junho de 2010

História dos apaixonados na Terra

Havia um lugar onde amantes eram apenas casais apaixonados que se desejavam e que se queriam mutuamente. Nesse lugar, a felicidade reinava perene e absoluta, não havia rainhas ou reis, apenas os corações comandavam os destinos daquele povoado. De tanta felicidade imperando, seus habitantes turvaram as vistas não percebendo que se fragilizavam em supor que todos poderiam ser bons o tempo todo.

Certo dia, um tirano solitário, achando-se consigo mesmo, arquitetou um infalível plano de acabar com aquela paz ludibriante e, então, após arrebanhar exército formado por peitos de aço e corações de pedra, dominou e sucumbiu a todos quantos por lá viviam.

Hoje esse lugar é habitado por malfeitores sanguinários. Os antigos pacíficos e apaixonados habitantes, todavia, num êxodo irremediável, espalharam-se pelo mundo. Alguns vieram habitar a própria Terra. Acontece, porém, que o modo como tiveram que salvar cada qual a sua vida, fez com que não se estabelecessem em pares e casais, como viviam outrora. A espécie povoou separadamente nosso planeta. A missão de cada um foi encontrar seu par ideal, sua verdadeira cara-metade. Para isso e para se certificarem que o encontro ideal se concretizava, ao se espalharem, o sopro divino da natureza encarregou-se de retirar uma porção de cada um e colocar dentro do outro, o par ideal. Destarte, reconhecer-se-iam ao primeiro contato. Somente aqueles com sensibilidade apurada poderiam perceber tais sensações, somente esses é que seriam os eleitos a reviverem tamanha bem-aventurança prodigiosa de outros tempos.

Deste modo, fica fácil reconhecer em alguns casais a predestinação conferida. Fariam parte de uma população de amantes apaixonados que se reconhecem ao simples toque das mãos, nos olhares mágicos e reveladores, nas preferências e características.

Quem pertencesse a esse mundo fantástico e colorido se reconheceria. Sentir-se-iam absurda e cegamente atraídos, não temeriam adversidades. O amor tornaria a reinar soberano sobre tais cabeças e sob os mandamentos do coração construiriam cada par e casal sua própria galáxia tal como o fora antes, sob as mesmas leis universais da natureza humana pacifica e harmoniosa. Paz e tranqüilidade reinando sobre cabeças dóceis e inocentes pela pureza de um amor autêntico e indissolúvel.

Cada encontro, porém, somente estaria previsto a cada ciclo de preparações e sob rigorosa bateria de exames e avaliações. Somente os preparados seguiriam adiante. Somente os escolhidos se beneficiariam do magnífico encontro arquitetado pelos deuses, o arrebatamento final, a grande e merecida coroa de flores, ricas em cores e aromas para formar, novamente, tal como já existira outrora, os mesmos casais apaixonados do mundo dos amantes. Aqueles pares que doravante, se tornariam inseparáveis para sempre.

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